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Exército Brasileiro acelera reforço na Amazônia em resposta à crise na fronteira e na terra Yanomami

BRASÍLIA (Reuters) – Aumento de tensão na zona fronteiriça entre a Venezuela e a Guiana pela região do Essequibo, aliado à grave situação humanitária na Terra Indígena Yanomami, levou a uma aceleração no reforço das forças brasileiras na Amazônia, informou o comandante militar da área, General Ricardo Augusto Costa Neves, em entrevista à Reuters.

A adição de dois mil militares aos 20 mil já estacionados na região visa fortalecer o controle do Exército ao longo de uma extensa fronteira de 9 mil quilômetros, abrangendo países como Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia. Essa área é conhecida por ser um corredor para atividades ilícitas, incluindo tráfico de drogas e exploração ilegal de recursos naturais.

“Os eventos recentes em nossos países vizinhos ao norte impulsionaram a antecipação de algumas medidas que já planejávamos”, disse Costa Neves.

O General também mencionou que o comando do Exército, liderado pelo General Tomás Paiva, ordenou um aumento da presença militar na Terra Indígena Yanomami, com a instalação de dois pelotões especiais de fronteira na região.

Além disso, serão estabelecidas duas bases avançadas permanentes dentro da reserva Yanomami, localizadas nos rios Uraricoera e Mucajaí. Estas bases prestarão apoio logístico a entidades ambientais, de saúde e indígenas, e também atuarão no combate a atividades ilegais em uma área de 150 quilômetros a partir da fronteira.

A disputa pela região rica em petróleo do Essequibo, reivindicada pela Venezuela, já resultou no envio de mais tropas, veículos blindados e equipamento de artilharia para o estado fronteiriço de Roraima, bem como na criação de um novo regimento.

“Estamos praticamente triplicando o tamanho da nossa organização militar. Essa expansão já estava prevista em nosso planejamento estratégico, e agora está sendo antecipada, incluindo a aquisição de novo material de artilharia”, afirmou Costa Neves.

A presença de garimpeiros ilegais trouxe doenças, devastação ambiental e violência armada às terras dos Yanomami, na divisa com a Venezuela, causando desnutrição e mortes. Embora uma força-tarefa tenha sido enviada no ano passado para remover cerca de 20 mil mineiros, houve um retorno gradual desses indivíduos após a redução das operações militares.

Costa Neves, que assumiu o comando da região em maio de 2023, rejeitou as críticas sobre a ineficácia das forças militares em proteger o território Yanomami. Ele destacou a significativa diminuição da mineração ilegal e voos ilícitos, além das operações de apoio humanitário aos Yanomami, como prova do comprometimento das Forças Armadas.

O General enfatizou a importância da atuação coordenada entre várias agências brasileiras, como a Funai, o Ibama e a Polícia Federal, para encontrar uma solução permanente para a região.

“Para assegurar que esses excelentes resultados persistam ao longo do tempo, são necessárias medidas estruturais. Estamos vivenciando este momento crucial, com o aumento do efetivo do Exército e a criação de novas bases, fortalecendo a coordenação entre os órgãos envolvidos”, concluiu Costa Neves.

(Fonte: Reuters)

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