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Desafios pós-privatização: a realidade da refinaria de Manaus e o impacto no Norte do Brasil

Desde a privatização, a Refinaria de Manaus enfrenta críticas por altos preços e riscos de desabastecimento.

A privatização da Refinaria de Manaus (REAM), que anteriormente era controlada pela Petrobras, tem levantado preocupações sobre os aumentos de preços dos combustíveis e o risco de desabastecimento que ameaçam a segurança energética e a estabilidade econômica do Norte do Brasil.

A gestão da Refinaria de Manaus pela empresa Atem, uma das principais distribuidoras de combustíveis na região, é marcada por desafios desde que a instalação foi privatizada. Relatórios do Instituto de Estudos Estratégicos de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (Ineep) apontam para uma falta de investimentos em capacidade de refino, levando a uma maior dependência de importações e consequente aumento nos preços aos consumidores.

Dados recentemente divulgados mostram um aumento no consumo de óleo diesel e querosene de aviação de 2022 para 2023, enquanto a produção local não tem conseguido atender a essa demanda crescente. Marcus Ribeiro, coordenador do Sindipetro AM, alertou sobre os potenciais riscos dessa dependência: “Isso não impacta apenas o Amazonas, todo o Norte do país ficará sem unidades de processamento eficientes.”

A política de preços da Atem, que impõe alguns dos valores mais altos no país, é uma das principais preocupações. Comparativos entre o consumo de derivados do Amazonas e outros estados da Região Norte entre 2018 e 2022 mostram um aumento no desequilíbrio, agravado após a privatização.

Adicionalmente, conforme a Agência Nacional do Petróleo (ANP), a carga média processada na refinaria se manteve estável, o que indica que a transferência para a gestão privada não resultou em melhorias na capacidade produtiva da refinaria.

Em uma publicação recente, a Folha de São Paulo informou que uma das prioridades da nova presidente da Petrobras, Magda Chambriard, inclui a recompra da refinaria de Manaus, visando reverter os impactos negativos observados após sua privatização. Além disso, o governo federal tem planos de acelerar projetos e iniciar novos investimentos, como a criação de um polo gás-químico em Uberaba, Minas Gerais, e a retomada de obras em outras refinarias brasileiras.

A situação da REAM pós-privatização sugere questões críticas a serem consideradas nas decisões sobre privatizações no setor de energia, especialmente em regiões estratégicas como o Norte do Brasil. A revisão das políticas públicas e das práticas de gestão privada parece ser urgente para assegurar que a segurança energética e a estabilidade econômica da região sejam garantidas.

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