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Espanha retira ‘definitivamente’ embaixadora na Argentina em resposta a ataques de Milei

Em um movimento que marca o clímax de uma crescente tensão diplomática, o governo espanhol anunciou nesta terça-feira, 21/5, a retirada definitiva de sua embaixadora em Buenos Aires. Este é o último passo antes de uma possível ruptura total das relações diplomáticas entre Espanha e Argentina.

A decisão do governo espanhol veio como reação às declarações inflamadas de Javier Milei, presidente da Argentina, que, em um comício da extrema direita em Madri, atacou o governo de Pedro Sánchez e acusou a esposa do primeiro-ministro espanhol de corrupção. Durante o evento, Milei não se reuniu com autoridades do governo espanhol, optando por manifestar seu apoio à oposição, herdeira do movimento franquista. No domingo (19), em resposta imediata, o governo espanhol exigiu um pedido oficial de desculpas de Milei e convocou a embaixadora para consultas.

Milei, no entanto, recusou-se a atender ao pedido, afirmando que era o governo espanhol quem lhe devia desculpas. Na terça-feira, diante desse impasse, o chanceler espanhol José Manuel Albares anunciou que a embaixadora permanecerá “definitivamente em Madri”.

Esta crise é a primeira envolvendo Milei e um país europeu, gerando preocupações no Itamaraty sobre possíveis impactos nas negociações para um acordo comercial entre o Mercosul e a União Europeia. Recentemente, a UE declarou apoio à Espanha diante dos ataques de Milei.

Milei, que planejava retornar a Madri em 21 de junho, agora enfrenta a possibilidade de ter sua visita impedida ou de não ser recebido por autoridades espanholas. Pela prática diplomática, a volta da embaixadora ocorrerá apenas quando a crise for resolvida. No entanto, a situação se agravou quando Milei reiterou sua recusa em pedir desculpas.

“Como posso me desculpar se fui eu quem foi atacado?”, declarou Milei, alegando que suas críticas em Madri foram uma resposta a ataques prévios do governo socialista espanhol. Ele também acusou Sánchez de ser autoritário por transformar um problema pessoal em uma crise diplomática.

As acusações de corrupção por parte de Milei se tornaram um mote da extrema direita espanhola, que, com o apoio de meios de comunicação aliados, criou uma situação que quase levou Sánchez a considerar a renúncia. No entanto, o primeiro-ministro decidiu permanecer no cargo, resistindo à desinformação.

Milei também foi alvo de críticas por parte das ministras espanholas após declarar que Sánchez era um “covarde” por enviar mulheres para atacá-lo. Pilar Alegría, ministra da Educação e porta-voz do governo espanhol, respondeu afirmando que a política não é uma questão de gênero, mas de respeito e igualdade.

“Não é coincidência que um governo feminista em um país feminista como a Espanha receba ataques da extrema direita internacional”, afirmou Alegría, destacando a importância do feminismo na política e nas relações internacionais.

A crise diplomática entre Espanha e Argentina continua a se desdobrar, com desdobramentos significativos esperados nos próximos dias.

Fonte: Uol

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