Conflito Econômico: Trump ameaça Brics com tarifas e Kremlin alerta para reação dos países
EUA ameaçam tarifas enquanto Brics avança com propostas de autonomia econômica
O presidente eleito dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu tensões internacionais ao ameaçar impor tarifas comerciais de 100% sobre os países membros do Brics. O ultimato, anunciado no último sábado (30), visa barrar os planos do bloco de emergentes de criar uma nova moeda ou adotar alternativas ao dólar no comércio internacional. Trump afirmou que qualquer país que desafiar o dólar deverá “se despedir” da
“Exigimos que esses países se comprometam a não criar uma nova moeda do Brics nem apoiar qualquer outra moeda que substitua o poderoso dólar americano, caso contrário, eles sofrerão 100% de tarifas e deverão dizer adeus às vendas para a maravilhosa economia norte-americana”, declarou em sua rede social, Truth Social.
A retórica de Trump, que inclui promessas de tarifas adicionais a grandes parceiros comerciais como México, Canadá e China, gerou preocupação nos mercados financeiros. Especialistas indicam que medidas tarifárias como essas poderiam elevar preços de importados e reacender a inflação nos EUA, afetando a política monetária do Federal Reserve. A Wall Street já começa a precificar o impacto das ações, com alta nos rendimentos de títulos do Tesouro americano.
Brics avança com desdolarização
Do outro lado, o Brics – atualmente com 10 membros plenos, incluindo países como Brasil, Rússia, China e África do Sul – busca reformular o sistema financeiro global. A proposta de desdolarização, debatida na cúpula do grupo em Kazan, Rússia, visa reduzir a dependência do dólar em transações internacionais. Dilma Rousseff, presidente do Novo Banco de Desenvolvimento, classificou o uso do dólar como “arma” e defendeu a criação de ferramentas financeiras locais.
Os países do Brics, que juntos representam 31,5% do PIB global e 45,2% da população mundial, argumentam que a padronização do dólar confere aos EUA uma posição dominante em negócios internacionais. Economistas apontam paralelos com a União Europeia, cuja integração econômica buscou autonomia monetária durante crises.
Rússia critica postura de Trump
O Kremlin reagiu às ameaças de Trump, considerando-as contraproducentes. Dmitry Peskov, porta-voz russo, afirmou que o dólar está perdendo apelo como moeda de reserva e que o movimento de diversificação econômica está se intensificando. Para Peskov, a tentativa de obrigar os países a usar o dólar “será um tiro pela culatra”.
Enquanto Trump endurece sua posição, o Brics segue em direção a uma maior independência econômica, levantando questões sobre o futuro da hegemonia do dólar e o equilíbrio geopolítico global.