Israel rejeita plano da França para reconhecer o Estado Palestino
Governo israelense classifica proposta como incentivo ao terrorismo e critica conferência internacional prevista para junho
O Ministro das Relações Exteriores de Israel, Gideon Saar, condenou veementemente o plano da França de reconhecer oficialmente o Estado da Palestina, afirmando que essa decisão seria uma “recompensa ao terrorismo” e fortaleceria grupos como o Hamas. Segundo ele, a Palestina é um “Estado fictício” e qualquer reconhecimento unilateral apenas agravaria a instabilidade na região.
As declarações ocorreram após o presidente francês, Emmanuel Macron, anunciar em entrevista à France 5 que a França pretende dar esse passo nos próximos meses, com possibilidade de formalização durante uma conferência internacional sobre a solução de dois Estados, co-organizada com a Arábia Saudita e prevista para ocorrer em junho, em Nova Iorque.
Gideon Saar reagiu nas redes sociais, afirmando que esse tipo de ação “não aproxima a paz, a segurança ou a estabilidade”, mas sim “afasta ainda mais” esses objetivos. Ele considera o reconhecimento um gesto simbólico perigoso, que apenas encoraja o radicalismo.
Macron, por sua vez, defende que a medida é necessária tanto do ponto de vista político quanto moral. Em fevereiro deste ano, ele já havia declarado que o reconhecimento da Palestina “não é um tabu para a França” e que esse movimento atende a uma “necessidade histórica”. Na ocasião, o presidente francês disse que “devemos isso aos palestinos, cujas aspirações foram ignoradas por tempo demais, e também aos israelenses, que sofreram o maior massacre antissemita deste século”.
Reconhecimento global cresce
Atualmente, 147 dos 193 países membros da ONU já reconhecem formalmente o Estado da Palestina. Entre os países da União Europeia, dez já aderiram ao reconhecimento: Espanha, Irlanda, Noruega, Bulgária, Chipre, Malta, Hungria, Polônia, Suécia e Romênia.
Além disso, outras nações europeias como Ucrânia, Albânia, Sérvia, Montenegro e Bielorrússia também reconhecem o Estado palestino. No continente americano, Bahamas, Trinidad e Tobago, Jamaica e Barbados integram a lista.
A movimentação da França ocorre em meio a apelos crescentes por uma solução diplomática para o conflito em Gaza, onde mais de 50 mil palestinos já morreram desde o início das ofensivas israelenses em outubro de 2023.