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Lavagem de dinheiro em Posto de combustível vinculado a comércio de decisões judiciais no centro de SP

A Polícia Federal suspeita que o desembargador Ivo de Almeida e dois advogados estiveram envolvidos na compra e venda de sentenças, utilizando um posto de combustível próximo ao tribunal para as transações.

Um posto de combustível situado na rua Conselheiro Furtado, no bairro Liberdade, Centro de São Paulo, foi identificado como um local usado para a lavagem de dinheiro oriundo da venda de decisões judiciais, segundo a Polícia Federal. O desembargador Ivo de Almeida, ligado à 1ª Câmara de Direito Criminal do Tribunal de Justiça de São Paulo, juntamente com dois advogados de Ribeirão Preto e outras quatro pessoas, foram alvo de mandados de busca e apreensão durante a “Operação Churrascada” realizada na última quinta-feira.

As investigações apontam que o desembargador Ivo é suspeito de comercializar sentenças judiciais, inclusive durante seus plantões. Há também suspeitas de que ele coagia funcionários do seu gabinete a lhe repassar parte de seus salários.

Wellington Pires, um bacharel em direito, teve sua prisão preventiva decretada pelo Superior Tribunal de Justiça na sexta-feira, acusado de facilitar as negociações entre Ivo de Almeida e os interessados nas sentenças. Wellington prestava serviços informais ao advogado Luiz Pires Moraes Neto, como mencionado em declaração ao g1 pela defesa de Ivo: “embora já tenha requerido, ainda não obteve acesso aos autos que supostamente sustentaram as medidas cautelares deferidas pelo STJ”. E complementa: “Aguarda-se, assim, a autorização ao total conteúdo das investigações para que a defesa possa se manifestar e, em consequência, reestabelecer no caso a verdade e a justiça”.

O posto de combustível, localizado a apenas 300 metros do gabinete de Ivo, foi identificado como o local de pagamento das propinas. No ano de 2017, foram identificadas transações bancárias suspeitas, incluindo uma de R$ 100 mil. Os sócios listados nos CNPJs do posto são os mesmos implicados nas negociações de propina com o desembargador.

Com as revelações da operação da PF, o STJ decidiu afastar Ivo de Almeida por um ano, e a Corregedoria Nacional de Justiça instaurou uma Reclamação Disciplinar. O corregedor nacional de Justiça, ministro Luis Felipe Salomão, observou que a cobertura da imprensa sugere que “a conduta do requerido é contrária aos deveres de independência, prudência, imparcialidade, integridade profissional e pessoal, à dignidade, à honra e ao decoro”, justificando assim o processo disciplinar.

Ivo de Almeida, que ingressou na magistratura em 1987 e foi testemunha em um dos julgamentos do ‘Massacre do Carandiru’, assumiu como desembargador do TJ-SP em 2013, prometendo servir à Justiça com dedicação e lealdade.

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