Diplomatas brasileiros aprovam indicativo de greve em assembleia histórica
Categoria vota a favor de mobilização permanente e discute insatisfação com proposta de reajuste salarial apresentada pelo governo.
Em uma assembleia extraordinária convocada pela Associação e Sindicato dos Diplomatas Brasileiros (ADB Sindical) nesta segunda-feira (12/8), 95% dos diplomatas presentes votaram a favor de um indicativo de greve, marcando um momento inédito na história do Itamaraty. A medida foi adotada em resposta à proposta de reajuste salarial oferecida pelo Ministério da Gestão e Inovação (MGI), que foi considerada insatisfatória pela categoria.
O principal ponto de discordância está no reajuste salarial. Enquanto a ADB Sindical solicitou um aumento linear de 36,9%, o MGI apresentou uma proposta de reajuste não linear, variando de 7,8% para cargos iniciais até 23% para ministros de primeira classe, a ser implementado entre 2025 e 2026. A proposta foi rejeitada por não compensar adequadamente as perdas inflacionárias, especialmente para os diplomatas das classes iniciais e intermediárias, que teriam um aumento inferior a 16%.
A associação destacou a estagnação de muitos diplomatas nas classes iniciais e intermediárias, agravada por uma estrutura de carreira rígida e pela elevação da idade de aposentadoria para 75 anos. Isso, segundo a ADB, contribui para a frustração dos profissionais mais jovens, que enfrentam limitações no desenvolvimento de suas carreiras.
A greve proposta reflete a insatisfação da categoria em um momento crítico para a política externa do Brasil, que se prepara para sediar eventos globais como as cúpulas do G20, do Brics e a COP-30.
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou que não comentará o assunto. No entanto, fontes indicam que o ministro Mauro Vieira, chefe do Itamaraty, tem acompanhado a questão de perto e busca promover negociações entre os diplomatas e o governo desde o ano passado.