Polícia Federal prende Braga Netto sob suspeita de tentativa de golpe de Estado
Operação cumpre mandados de prisão, busca e apreensão e medidas cautelares em investigação sobre ameaças à democracia
O ex-ministro Walter Braga Netto foi preso pela Polícia Federal na manhã deste sábado, no Rio de Janeiro, acusado de obstrução de Justiça. A ação faz parte do inquérito que investiga uma suposta tentativa de golpe de Estado para impedir a posse do governo eleito em 2022. Além da prisão preventiva do general, foram cumpridos dois mandados de busca e apreensão e uma medida cautelar diversa da prisão contra outros envolvidos, incluindo o coronel Pereguino, ex-assessor de Braga Netto, em Brasília.
Os mandados judiciais foram expedidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) e visam pessoas acusadas de dificultar a coleta de provas no decorrer da instrução penal. Segundo a Polícia Federal, as medidas buscam prevenir a continuidade de práticas ilícitas que comprometam as investigações em curso.
A defesa de Braga Netto, que já havia sido indiciado em novembro pelos crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado e organização criminosa, nega qualquer envolvimento. Somadas, as penas máximas para essas acusações podem ultrapassar 28 anos de prisão.
Investigação aponta papel central de Braga Netto
De acordo com o relatório da Polícia Federal, Braga Netto teria desempenhado papel crucial nos planos para abolir o Estado Democrático de Direito. O documento sugere que o general não apenas participou dos atos golpistas, mas também teria tentado dificultar as investigações em andamento.
Entre as revelações mais graves, o inquérito menciona o suposto planejamento do assassinato de figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do STF Alexandre de Moraes. Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Jair Bolsonaro, afirmou em depoimento recente que Braga Netto teria financiado parte do plano com dinheiro vivo entregue a militares das Forças Especiais, conhecidos como “kids pretos”. A defesa do general rejeita categoricamente essas acusações.
Declarações polêmicas e reação
Em nota anterior, Braga Netto declarou desconhecer qualquer documento ou plano envolvendo golpe de Estado. Ainda em uma publicação nas redes sociais, o ex-ministro classificou as acusações como “fantasiosas e absurdas”, criticando o que chamou de “criatividade” por parte da imprensa.
As investigações seguem em sigilo, mas a operação deste sábado reforça o cerco às figuras centrais da tentativa de golpe, com a Polícia Federal empenhada em desmantelar qualquer articulação que ameace a ordem democrática no país.