Sargento da Aeronáutica denuncia tortura e tiros após abordagem policial sobre IPVA atrasado; PMDF nega acusações
Militar afirma ter sido agredido, algemado e alvo de disparos durante fuga no DF; Polícia Militar contesta e diz que ele desobedeceu ordens e colocou vidas em risco
O segundo-sargento da Aeronáutica Roksinaidy Sales denunciou, em vídeo divulgado nas redes sociais, ter sido alvo de agressões, tiros e tortura durante uma abordagem da Polícia Militar do Distrito Federal (PMDF), após uma perseguição que terminou em Novo Gama (GO), região do Entorno do DF. O militar afirma ter sido “torturado até urinar nas calças” e diz que ele, seu irmão, seu sobrinho e até uma criança foram espancados. “Deram muito tiro em mim”, relatou, visivelmente abalado.
Segundo Sales, o episódio teria começado quando ele saiu com sua caminhonete para buscar materiais de construção em sua chácara, acompanhado do sobrinho. No caminho, teria dado carona a uma senhora, que preferiu seguir na carroceria do veículo por estar em uma área rural sem transporte público. Ao ser parado por uma equipe da PMDF, o sargento se identificou, mas diz ter sido desacatado e humilhado ao confundir a patente de um dos policiais.
A versão da Polícia Militar, no entanto, diverge. Em nota, a corporação afirmou que a abordagem ocorreu após o veículo ser flagrado em alta velocidade com uma mulher na carroceria, levantando suspeita de sequestro. Durante a abordagem, o condutor apresentou apenas a CNH e teria solicitado “cortesia” para não ter o veículo apreendido. Quando foi informado de que o carro seria levado ao pátio do Detran, ele acelerou e iniciou a fuga.
De acordo com a PMDF, a perseguição contou com o apoio de outras unidades e percorreu bairros do Gama até o município de Novo Gama. Durante o trajeto, o sargento teria desrespeitado ordens de parada, avançado sobre viaturas e colocado em risco a segurança de pedestres. Ele foi detido e encaminhado à 20ª Delegacia de Polícia.
A corporação também informou que, devido à resistência e à conduta alterada do militar, foi necessário algemá-lo, e que ele teria intimidado os policiais ao afirmar que “acabaria com a carreira” de todos. O veículo foi apreendido, e o sargento multado por diversas infrações de trânsito.
Roksinaidy Sales, por sua vez, reiterou que os agentes atiraram contra ele e seu veículo, inclusive em via pública e com civis ao redor. Ele afirma ter sido trancado por mais de uma hora em uma viatura, onde teria sido torturado, além de nunca ter sido algemado antes em mais de duas décadas de carreira.
A Polícia Civil do Distrito Federal (PCDF) apura os fatos. Até o momento, o sargento ainda não se manifestou oficialmente por meio de nota. O espaço permanece aberto.