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Líder da oposição venezuelana é preso a dois dias das eleições

Juan Pablo Guanipa é acusado de liderar suposta conspiração para sabotar pleito legislativo e regional; oposição denuncia repressão política

O dirigente opositor venezuelano Juan Pablo Guanipa foi preso nesta sexta-feira (23), em Caracas, a apenas dois dias das eleições legislativas e de governadores marcadas para domingo (25). A detenção foi anunciada pelo ministro do Interior, Diosdado Cabello, que o acusou de liderar uma “rede terrorista” com planos de desestabilizar o processo eleitoral.

Guanipa, de 60 anos, é advogado e figura proeminente do partido Primero Justicia, além de aliado próximo de María Corina Machado, principal liderança opositora atualmente na clandestinidade. Segundo Cabello, o político estava foragido desde as eleições presidenciais de julho de 2024, nas quais a oposição alega que seu candidato, Edmundo González, foi o verdadeiro vencedor.

O governo afirma que Guanipa fazia parte de um grupo de 70 pessoas, incluindo estrangeiros, que planejavam atentados durante as eleições. Durante a operação que resultou na prisão, agentes de segurança teriam apreendido armas, explosivos, dinheiro em espécie e dispositivos eletrônicos contendo supostas evidências da conspiração.

Em mensagem publicada em sua conta na rede social X (antigo Twitter) antes de ser detido, Guanipa declarou: “Hermanos, si están leyendo esto es porque he sido secuestrado por las fuerzas del régimen de Nicolás Maduro”. Ele também afirmou que sua prisão é motivada pelo medo do governo diante da vontade popular expressa nas urnas no ano anterior.

María Corina Machado, por sua vez, manifestou solidariedade ao aliado e prometeu continuar lutando pela libertação de todos os presos políticos. Segundo ela, mais de 50 ativistas, defensores de direitos humanos e jornalistas foram detidos recentemente em uma ofensiva do governo contra a oposição.

A prisão de Guanipa ocorre em meio a um clima de crescente repressão política na Venezuela. Organizações de direitos humanos denunciam a existência de cerca de 900 presos políticos no país, enquanto o governo nega tais acusações. A oposição está dividida quanto à participação nas eleições deste domingo: enquanto alguns grupos defendem o boicote, outros optaram por concorrer, buscando desafiar o chavismo nas urnas.

A comunidade internacional acompanha com preocupação os desdobramentos na Venezuela, especialmente diante das denúncias de falta de transparência nas eleições presidenciais de 2024 e da intensificação da repressão contra opositores. A detenção de Juan Pablo Guanipa é vista como mais um episódio que evidencia o agravamento da crise política no país.

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