Lula afirma manter reuniões anuais com a Contag, entidade investigada por fraudes no INSS
Durante evento em Campo Verde (MT) neste sábado (24/5), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou que se reúne anualmente com a Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (Contag), atualmente investigada pela Polícia Federal por envolvimento em esquema de descontos indevidos em benefícios do INSS.
A declaração ocorreu durante o lançamento do Programa Solo Vivo, com a presença dos ministros Carlos Fávaro (Agricultura e Pecuária) e Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário e Agricultura Familiar). Lula enfatizou que é comum dialogar com movimentos sociais: “Todo ano eu faço reunião com os sem terra, todo ano eu faço reunião com a Contag. Todo mundo tem o direito de apresentar as reivindicações; na hora que a gente puder atender, a gente atende. Na hora que a gente não puder atender, a gente não atende”.
A Contag é uma das entidades no centro do escândalo revelado pela série de reportagens do portal Metrópoles a partir de dezembro de 2023. As investigações apontam que a arrecadação com descontos de mensalidades de aposentados disparou, chegando a R$ 2 bilhões em um ano, enquanto as associações respondiam a milhares de processos por fraude nas filiações de segurados. As reportagens levaram à abertura de inquérito pela Polícia Federal e abasteceram as apurações da Controladoria-Geral da União. No total, 38 matérias do portal foram listadas pela PF na representação que deu origem à Operação Sem Desconto, deflagrada em 23 de abril, resultando nas demissões do presidente do INSS e do ministro da Previdência, Carlos Lupi
A oposição tem explorado a proximidade entre o governo e a Contag, especialmente após a revelação de que o ministro Paulo Teixeira se encontrou com representantes da entidade no início de maio, reunião que não constava na agenda oficial do ministro.
O governo federal enfrenta pressão para esclarecer os vínculos com entidades investigadas e adotar medidas para evitar novas fraudes. A expectativa é que o Congresso avance na instalação de uma CPI para apurar as irregularidades no INSS, enquanto o Executivo busca conter os danos políticos e recuperar a confiança dos beneficiários afetados