BrasilDestaquePolícia

Operação secreta da polícia transfere de presídios Mano G, Beira Mar e Marcinho VP

Líderes do Comando Vermelho e de outras organizações criminosas foram transferidos de instituições penais federais em uma ação coordenada que envolveu cerca de cem agentes penitenciários federais e abrangeu três estabelecimentos prisionais. No processo, 11 detentos em regime fechado foram deslocados, incluindo figuras notórias como Fernandinho Beira-Mar, Marcinho VP e Mano G.

O preso Gelson Lima Carnaúba, o Mano G, foi transferido do presídio Federal de Campo Grande no (MS), para a penitenciaria federal de Mossoró (RN).  Luís Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, também estava no Mato Grosso do Sul e agora está em Mossoró. Márcio dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Marcinho VP, ele foi transferido do Rio Grande do Norte para o Mato Grosso do Sul, caminho inverso de Beira-Mar.

De acordo com informações da Polícia Penal Federal (PPF), esta ação de transferência de presos do Sistema Penitenciário Federal (SPF) é uma prática comum dentro das medidas de segurança adotadas nas prisões. O objetivo principal dessa manobra estratégica de segurança penitenciária é fragmentar a estrutura e influência das facções criminosas.

Mano G

Gelson Lima Carnaúba, também conhecido como Mano G, foi um dos líderes e fundadores da organização criminosa Família do Norte (FDN), estabelecida em 2007. Antes disso, em 2002, ele liderou uma violenta rebelião no Complexo Penitenciário Anísio Jobim (Compaj), em Manaus, que resultou em 12 mortes durante um conflito de 13 horas. O Preso foi transferido do presídio Federal de Campo Grande no estado do Mato Grosso do Sul para a penitenciaria federal de Mossoró, no estado do Rio Grande do Norte, Nordeste do Brasil.

O Relatório Anual da Justiça Global do ano da rebelião aponta que o evento foi desencadeado pela morte do preso André Luiz Pereira de Oliveira, supostamente espancado e torturado por agentes penitenciários. Mano G recebeu sua sentença em 2022, condenado a 48 anos de prisão por seu papel nesse incidente.

Durante o julgamento, foram apresentadas gravações de um membro já falecido da FDN. Este declarou que Carnaúba era o líder máximo dentro do presídio, controlando atividades ilícitas, incluindo o comércio de armas e drogas. Ele também mencionou temer pela própria vida e ser ameaçado por Carnaúba.

A Família do Norte domina extensas áreas no Norte do Brasil, como Rondônia, Roraima e Acre, e tem ligações alegadas com as FARC. Segundo a Polícia Federal, em 2017, a FDN exercia controle sobre a maior parte do sistema prisional amazonense.

Fernandinho Beira Mar

Luís Fernando da Costa, mais conhecido como Fernandinho Beira-Mar, é um notório líder do Comando Vermelho e foi um dos traficantes mais influentes do Brasil. Sua prisão ocorreu em 2001, na Colômbia, em uma região sob influência das Forças Armadas Revolucionárias Colombianas (FARC). Capturado durante a Operação Próta, Beira-Mar estava detido no presídio de Campo Grande (MS), e agora seguiu para o presidio para Mossoró (RN).

Investigações policiais revelam que Beira-Mar iniciou sua carreira criminosa ainda jovem, roubando armas do Exército para vendê-las a traficantes no Rio de Janeiro. Aos 20 anos, foi preso por assalto, recebendo uma sentença de dois anos. Após sua libertação, rapidamente ascendeu a uma posição de liderança no tráfico na Favela Beira-Mar, em Duque de Caxias, Baixada Fluminense. Sua influência no mundo do crime cresceu até sua prisão em 1996 em Minas Gerais. Ele fugiu menos de um ano após ser detido, optando por deixar o país devido à intensa perseguição policial.

Com as várias condenações acumuladas, Fernandinho Beira-Mar foi sentenciado a mais de 300 anos de prisão. Após passar pelo complexo de Bangu, ele cumpriu parte de sua pena em diversos presídios federais de segurança máxima, incluindo Catanduvas (PR) e Mossoró (RN). Em 2019, foi transferido para a Penitenciária Federal de Campo Grande. Durante sua detenção, soube que sua filha, a dentista Fernanda Costa, assumiu uma cadeira na Câmara Municipal de Duque de Caxias como vereadora, em janeiro deste ano.

Marcinho VP

Márcio dos Santos Nepomuceno, mais conhecido como Marcinho VP, é outra figura central no cenário do crime organizado do Rio de Janeiro, com quase três décadas de atividade criminosa. Detido desde 1996, quando tinha apenas 20 anos, Marcinho VP passou a maior parte de sua vida em prisões. Durante a recente operação de transferência de presos, ele foi transferido do Rio Grande do Norte para o Mato Grosso do Sul, trajeto oposto ao de Fernandinho Beira-Mar.

Apesar de estar encarcerado, Marcinho VP emergiu como um dos líderes da maior facção criminosa do Rio, juntamente com Fernandinho Beira-Mar. Ele nasceu em Vigário Geral, mas mudou-se ainda na infância para São João de Meriti, na Baixada Fluminense. Após a morte do pai e as múltiplas prisões da mãe, Marcinho e seus três irmãos foram criados por uma tia.

As sentenças de Marcinho VP, incluindo condenações por tráfico de drogas e homicídios, totalizam 44 anos de reclusão. Entre os crimes atribuídos a ele está a morte de Márcio Amaro de Oliveira, ironicamente também chamado de Marcinho VP. Amaro foi encontrado estrangulado em um lixo no presídio de Bangu 3, na Zona Oeste do Rio. Acredita-se que sua execução foi motivada por entrevistas nas quais ele revelou detalhes do tráfico na capital carioca.

A Operação

A recente operação denominada Próta, conduzida na última quinta-feira, foi uma ação significativa coordenada pela Polícia Penal Federal (PPF). A operação, marcada por sua alta complexidade e risco, focou em detentos classificados como extremamente perigosos e reconhecidos como líderes influentes em organizações criminosas.

Esta iniciativa foi a primeira de seu tipo em 2024. No ano anterior, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (SENAPPEN) executou 364 operações, que incluíram admissões, retornos, transferências e apresentações de presos em julgamentos.

A PPF destaca que, por 17 anos, o Sistema Penitenciário Federal (SPF) tem mantido sob custódia importantes líderes criminosos do Brasil, sem ocorrências de fugas, rebeliões ou ingresso de materiais proibidos nas instalações.

O nome “Operação Próta” é uma homenagem ao primeiro prisioneiro a ser alocado no Sistema Penitenciário Federal, Fernandinho Beira-Mar. O termo “Próta”, de origem grega, significa “primeiro”.

Fonte: O Globo

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *