Funai requer apoio da Força Nacional para a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau em Rondônia
Com 1,8 milhão de hectares, a reserva enfrenta invasões e conflitos frequentes.
A Fundação Nacional do Índio (Funai) solicitou novamente o auxílio da Força Nacional de Segurança Pública para a Terra Indígena Uru-Eu-Wau-Wau, situada em Rondônia. Apesar de reconhecida oficialmente desde 1991, a área de 1,8 milhão de hectares continua sendo palco de invasões e conflitos perpetrados por não indígenas.
Em janeiro, uma operação especial foi autorizada, envolvendo a Força Nacional, a Polícia Federal e a Funai. Esta ação resultou na execução de dois mandados de busca e apreensão na região de Ji-Paraná, com o objetivo de expulsar invasores que haviam desmatado parte da terra para práticas ilícitas, incluindo o contrabando de produtos veterinários.
Ivaneide Bandeira Cardozo, mais conhecida como Neidinha Surui, uma indigenista com cinco décadas de experiência em Rondônia, reporta que após a intervenção inicial, os invasores rapidamente retornaram. Ela destaca a intensificação dos conflitos especialmente após a recente condenação de João Carlos da Silva pelo assassinato do líder indígena Ari Uru-Eu-Wau-Wau. Neidinha relata que há uma campanha ativa pela redução das áreas demarcadas, o que aumenta a tensão na região.
O histórico do conflito remonta a 1975, quando o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) instaurou o Projeto de Assentamento Dirigido (PAD) sobre parte da terra já homologada. A Justiça reconheceu esse erro e decidiu que os assentados deveriam ser indenizados e realocados, segundo explica Neidinha.
Em uma decisão crucial de março, o Supremo Tribunal Federal ordenou às autoridades federais que assegurem a retirada de invasores de sete terras indígenas, incluindo a Uru-Eu-Wau-Wau. A reserva abrange 12 municípios e é lar de vários grupos indígenas, como os Jupaú, Oro Win, Amondawa, Cabixi e outros quatro povos isolados. Neidinha lamenta a falta de recursos da Funai para proteger adequadamente esses povos.
A resposta do Ministério da Justiça e Segurança Pública veio com a autorização para o emprego da Força Nacional na região, oficializada por uma portaria recente. Nesta tarde, representantes da Funai e lideranças da TI Uru-Eu-Wau-Wau têm um encontro agendado para discutir as demandas urgentes da comunidade.