Críticas de Stedile expõem insatisfação com governo sobre Reforma Agrária
Fundador do MST lamenta estagnação e alerta para possíveis mobilizações por avanços no campo.
O fundador do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), João Pedro Stedile, voltou a criticar a falta de avanços na reforma agrária durante o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Segundo ele, os argumentos apresentados no primeiro ano de gestão, como a reorganização do Ministério do Desenvolvimento Agrário e a falta de orçamento, já não justificam a estagnação atual.
“Passaram-se 24 meses e a reforma agrária continua praticamente parada. As desculpas até fizeram sentido no início, mas, agora, não explicam a inércia. Estamos indignados com a incompetência generalizada em resolver esse problema”, afirmou em entrevista ao Repórter Brasil.
Stedile também alertou que, diante dessa inércia, novas ocupações de terra são inevitáveis. “Se o governo não age, a base social reage. Mobilizações são a única resposta à falta de avanços reais”, declarou.
Embora reconheça o idealismo de Lula em buscar atender às necessidades do povo, Stedile criticou a falta de unidade dentro do governo e o comportamento ufanista de alguns ministros. Ele destacou que o presidente parece “sozinho” na tentativa de implementar políticas públicas eficazes.
“Os ministros acham que estão no melhor governo da história, mas não enxergam os problemas reais. E o pior enfermo é o que não reconhece sua doença”, pontuou o líder do MST.
Apesar das críticas, Stedile deu nota 3 de 10 à política de democratização de terras da atual gestão, destacando que há espaço para melhorias em 2025. No entanto, a decepção com o governo não é recente. Em junho, ele já havia afirmado que não houve nenhum avanço concreto na reforma agrária desde o início do mandato.
Com quase dois anos de gestão, as palavras de Stedile refletem a insatisfação crescente de movimentos sociais que apoiaram Lula nas eleições, mas que agora exigem resultados concretos na agenda agrária.