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Seis pacientes contraem HIV após transplantes de órgãos: investigação aponta erro em exames de laboratório privado

Laboratório responsável foi interditado e exames de sorologia passaram a ser prolongados pelo Hemorio. Ministério da Saúde, MP, Polícia Civil e Cremerj estão investigando o caso, considerado inédito no serviço de transplantes do estado.

Seis pacientes no Rio de Janeiro foram infectados pelo HIV após receberem órgãos contaminados durante transplantes. O caso, sem precedentes no estado, ocorreu no início de setembro, quando um paciente apresentou sintomas neurológicos e teste positivo para o vírus. Esse paciente, que recebeu um coração em janeiro, não possuía o vírus antes do procedimento, revelando um erro nos exames de dois doadores realizados pelo laboratório privado PCS Lab Saleme.

A primeira coleta de exames, datada de 23 de janeiro deste ano, envolveu a doação de enxaguatórios, fígado, coração e córnea, com todos os resultados apontando inicialmente como não reagentes para HIV, conforme o laboratório. Contudo, após a detecção do HIV em nenhum paciente transplantado, as autoridades obtiveram uma contraprova, identificando a presença do vírus no material armazenado.

As investigações identificaram que os dois receptores de enxágue também testaram positivo para o HIV, enquanto o paciente que contraiu a córnea, devido à menor vascularização do órgão, deu negativo. O paciente que recebeu o fígado faleceu pouco após o transplante, mas seu quadro já era grave, e a morte não foi atribuída ao HIV.

Outro paciente, que passou por um transplante em maio, também apresentou sintomas neurológicos e testou positivo para o HIV no início de outubro, revelando um segundo erro nos exames feitos pelo PCS Lab Saleme. Ao todo, o laboratório havia sido contratado em dezembro de 2023, por meio de licitação emergencial no valor de R$ 11 milhões, para realizar testes sorológicos em órgãos doados.

Medidas emergenciais e retestes A Secretaria Estadual de Saúde (SES-RJ) tomou medidas imediatas após a descoberta. Segundo a secretária de Saúde, Cláudia Mello, todos os exames de sorologia de doadores foram transferidos para o Hemorio, unidade estadual especializada em hemoterapia. “Desde 13 de setembro, todas as doações são encaminhadas diretamente ao Hemorio”, declarou Cláudia. O órgão também vai realizar retestes em material armazenado de 286 doadores de uma contratação do PCS Lab Saleme.

Posição oficial da SES-RJ A SES-RJ divulgou uma nota em que classificou o incidente como “inadmissível”. Uma comissão multidisciplinar foi criada para apoiar os pacientes afetados, enquanto o laboratório envolvido foi interditado. A secretaria está conduzindo uma reavaliação de todas as amostras de sangue dos doadores, a partir de dezembro de 2023.

Além disso, uma sindicância foi instaurada para apurar responsabilidades, e as identidades dos doadores e transplantados estão sendo preservadas durante o processo investigativo.

O Ministério da Saúde, o Ministério Público do Rio de Janeiro, a Polícia Civil e o Conselho Regional de Medicina (Cremerj) seguem investigando as causas e consequências desse erro grave no serviço de transplantes do estado.

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