Rede Amazônia Negra denuncia abandono da Amazônia por parte de Anielle Franco
Carta aberta ao presidente Lula critica falta de ações do Ministério da Igualdade Racial na região Norte.
A Rede Amazônia Negra, integrante do Conselho Nacional de Igualdade Racial (CNPIR), deve enviar nesta sexta-feira (18) uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), denunciando o “descaso e abandono” da gestão da ministra Anielle Franco (Igualdade Racial) em relação à Amazônia e à região Norte. O documento, assinado por representantes dos nove estados da Amazônia Legal, será encaminhado por e-mail ao gabinete civil da Presidência, de acordo com Pedro Paulo da Cunha Carvalho, também conhecido como Paulo Axé, coordenador operacional da entidade.
A carta aponta que a ausência de ações do Ministério da Igualdade Racial (MIR) na Amazônia Legal tem gerado um sentimento de abandono por parte do governo Lula, refletido pela atuação da ministra Anielle Franco. O documento também menciona diversas tentativas frustradas de diálogo e requerimentos enviados ao ministério, além de pedidos de políticas essenciais para o povo negro na região, que teriam sido ignorados.
Segundo o texto, a ministra havia se comprometido, durante os Diálogos Amazônicos de 2023, a desenvolver um plano para a Amazônia Legal em colaboração com a sociedade civil, mas, um ano depois, nenhuma medida concreta foi apresentada. “Temos uma ministra que não dialoga com o movimento social negro”, critica o documento. A carta também cita um relatório elaborado por um grupo de trabalho durante um evento em Roraima, que deveria servir de base para o plano da Amazônia, mas que acabou não sendo implementado pelo ministério.
O texto ainda relata supostas tentativas de intimidação e perseguição por parte do ministério contra membros da organização. Questionado sobre o assunto, o Ministério da Igualdade Racial afirmou não ter recebido a carta e, portanto, não pode validar a autenticidade do documento. Além disso, destacou que há circulação de documentos não validados por organizações sociais, com interesses pessoais ou políticos disfarçados de reivindicações coletivas.
Em resposta às críticas, o ministério negou qualquer forma de perseguição e afirmou que vem promovendo ações como a construção da Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola, além de garantir recursos do BNDES para o desenvolvimento dos territórios quilombolas na Amazônia Legal. A pasta também informou que está em processo de criação do Comitê de Enfrentamento ao Racismo Ambiental, que incluirá um grupo de trabalho focado na Amazônia Negra.
O ministério ressaltou ainda que coordena o plano setorial de adaptação climática em parceria com diversos outros ministérios e planeja, até 2027, realizar oficinas de capacitação em práticas sustentáveis, publicar catálogos sobre o patrimônio cultural das comunidades tradicionais e implementar ações anuais de combate ao racismo ambiental.